sexta-feira, 23 de junho de 2023

O Cavalo é do Brasil

     Era 2001, no jogo de Xadrez EUA perde numa só jogada, as duas torres. Nesse momento ele era só um peão. Em 2022, a Inglaterra perde sua rainha. Como se sabe, um peão pode virar majestade. Aí ele se arrependeu de ter, com um golpe, passado de peão a cavalo!



Miniconto publicado em e-book, no concurso de micro contos de humor de Piracicaba - 2022/2023


http://biblioteca.piracicaba.sp.gov.br/site/download-antologia-12o-concurso-microcontos-de-humor-2022/




domingo, 4 de junho de 2023

Preenchendo a Existência

    Era pra ser só mais uma noite gelada de outono. Mas algo estava para acontecer, a névoa que cobria a Vila escondia algo impensável até ali. Já passava da meia-noite, a rua escorregadia e coberta de folhas de plátanos e macieiras exigia cuidado para qualquer um que se aventurasse por aquelas ruas com paralelepípedos gastos pelos anos. 
     Não pra ele. Não bastasse ter vivido uma vida, conhecia cada centímetro daquele lugar. Agora levitava ao sabor da brisa. O vento uivante e as silhuetas empoleiradas nas árvores, projetadas pela luz artificial da rua poderiam amedrontar a qualquer um. 
     Sabia que o que estava prestes a rememorar teria um impacto avassalador. Mas era isso, ansiava voltar a sentir; sentir emoções, calafrios. Não sabia o que era isso desde que partira para a outra dimensão. 
     Sua última esperança era buscar o mais impactante de sua vida terrena, pois que, penetrando tão fundo, talvez pudesse despertá-lo novamente. Já não se importava por ter ido, mas queria que sua existência eterna fosse preenchida ao menos de sentimentos. 
     Avistou o casarão, com seus arcos imponentes, envolto em uma névoa espessa. Foi ziguezagueando por entre as colunas, até a entrada principal, ficou ali, sob os grandes arcos. 
     Precisou atingir o patamar superior, mas algo o deteve ali, tinha que passar o tempo, contemplando o lugar, rememorando. Na verdade o passo seguinte significava o tudo ou o nada, por isso sua hesitação. Sabia que nada mais haveria de fazer diante de um insucesso ali. 
     Enfim, aproveitando-se de uma lufada vigorosa da brisa, flutuou até o patamar superior do ambiente, entrou por uma pequena passagem na janela, fazendo esvoaçar assustadoramente as cortinas. Dirigiu-se até a poltrona disposta de frente à janela. 
     Abriu a gaveta do pequeno balcão, afastou as teias de aranha, a poeira acumulada sobre a capa daquele álbum de fotografias. Hesitou ainda, mas finalmente o retirou dali com cuidado! 
     Abriu e foi contemplando, é um álbum de família, daqueles que passam de geração em geração. Deteve-se um pouco em cada página, cada rosto, conseguiu rememorar um pouquinho da história de cada um. 
    À medida que folheava o álbum sentia uma pressão, um aperto, não sabia o que era. Mas procurava deter-se cada vez a contemplar aqueles rostos e buscar mais no fundo suas histórias. Podia se deixar ficar por quanto tempo quisesse, ninguém viria ali. 
    Havia naquelas fotos um rosto em especial, que as mesmas circunstâncias que os fizeram conhecidos também não permitiram a união. Uma filha adotiva, que ao mesmo tempo não tinha o sangue dele, mas era membro da família. 
     Ali naquele sótão foram marcados muitos encontros. Era um lugar só deles, cada noite liam um poema e se encantavam juntos. Nada demais acontecia. 
    Tinham hora marcada, assim que a grande ave se agitasse nos galhos da árvore em frente era hora de se despedir. A coruja tinha o hábito de bater asas toda vez que via movimentação próximo à janela, no patamar inferior. 
    Enquanto recordava sua história sentia que não fora inútil sua vinda até aquele lugar, sentia-se agitado. Resolveu se deter naquele rosto por mais tempo. 
    Por vezes ficavam a contemplar as estrelas pela vidraça, trocavam olhares de cumplicidade, pequenas carícias, juras de amor, liam trechos de algum romance, o preferido era Romeu e Julieta. 
    Mesmo um sentimento tão profundo não era suficiente para ele abandonar aqueles dogmas familiares, sim, dogmas, já que não eram irmãos de verdade!
    -Vamos pra longe daqui - dizia ela. 
    Mas ele insistia que não poderia abandonar sua família. E assim o tempo ia passando, cada vez mais difícil suportar aquela dor. Ele chorou sobre aquela foto. Quis parar, mas era tarde, teria que ir até o final. Não queria lembrar do último encontro, talvez por culpa, seria dolorido demais suportar. 
     Aguardando seu amado, ela já sem esperanças, com o coração transbordando de amor, do parapeito da janela fitou o grande pássaro pela última vez. 
     Agora, na Vila Bernardi, os espíritos da Terra da Longevidade também choram.


    * Segundo lugar no 20º Concurso Literário de Veranópolis, 2022

domingo, 26 de janeiro de 2020

Tolos?

Aos olhos de quem sente orgulho de sua ignorância quem busca se manter informado parece um idiota!!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

sonho?




O GOVERNO BOLSONARO FARÁ UM BOM MANDATO?
Se assim fosse, faria!
Ele fará a Reforma Agrária e demarcará as Terras Indígenas
Fará também a Reforma Urbana
O Salário Mínimo dobrará de valor
E o bolsa família será maior, no mínimo, o dobro e com décimo terceiro.
E a reforma da previdência começará com quem ganha mais:
Militar, Judiciário, Legislativo e Executivo passarão para o regime comum, e o tempo efetivo de serviço contará como um trabalho normal (ex.: 4 anos como deputado será 4 anos de carteira assinada). Em hipótese alguma beneficiará uma ou outra categoria.
E o aposentado que continuar trabalhando contribui em dobro pra previdência, já que quanto mais aposentado na ativa, mais demora ao jovem entrar no mercado de trabalho e começar a contribuir (compensação lógica e justa).
Os serviços públicos serão pra quem mais precisa.
A igualdade salarial se dará pelo mais alto salário na categoria entre negros, brancos, pardos e também o da mulher.
Escolas terão turno integral com o turno inverso trazendo Esporte, Cultura e Lazer.
E haverá também atenção especial para a sustentabilidade, para crianças, mas com foco especial nos adultos.
A reforma trabalhista será revogada, e não irão mexer no adicional de férias e 13º. Irão, sim, extinguir as férias de 60 dias e 14º salário, e outros penduricalhos, não haverá mais auxilio de qualquer natureza pra quem ganha acima de 10 Salários Mínimos.
Corrupto e Corruptor não irá mais preso, mas devolverá tudo o que pegou corrigido. E o corruptor perderá sua empresa que será administrada em forma de cooperativa pelos seu funcionários.
E também no tocante à corrupção e desvios, se tornará crime hediondo a evasão de divisas, esse sim, pena de prisão (perpétua).
Quanto aos deslizes até aqui cometidos em relação à nomeação de corruptos, é fácil entender. Será como na música ‘’Esquema Montado’, depois que estiver todos na Esplanada, ele chama a polícia!

Viva los Caribenhos

Ganha 1200 e diz que os Cubanos que ganham 3500 mais aluguel e eventualmente alguma outra despesa são escravos.

Fala que trabalha cinco meses só pra pagar imposto e enche o saco que os Cubanos deixam 70% em do que ganham em seu país.

Antes diziam que os Caribenhos eram guerrilheiros infiltrados, agora, são ''tadinhos''.

Presidente deles votou contra os direitos dos trabalhadores Brasileiros, o que faz esses seres pensar que ele está preocupado com os direitos dos Caribenhos?

Só pra esclarecer: lá a faculdade é grátis mas tem a contrapartida. Aqui a faculdade de quem pode pagar é grátis, depois que se formam, papai dá um consultório novinho e já sai explorando!

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

MST - Resistência

Quando falarem mentiras e preconceitos contra o MST responda com dados científicos e objetivos. As mentiras precisam ser rebatidas. O MST dignifica o Brasil. 
Leiam matéria completa abaixo. 


O MST beneficia cerca de 700 municípios no Brasil;
160 mil crianças estudam no Ensino Fundamental nas 1800 escolas públicas dos acampamentos e assentamentos;
30 mil jovens e adultos, 750 militantes do MST estudam em cursos universitários. Desses, 58 cursam medicina;
Mais de 200 prêmios internacionais e nacionais foram dedicados ao Movimento; 
Dá suporte a 350.000 famílias, que, sem o MST, estariam como mendigas e/ou indigentes nas grandes cidades.
Sobre isso nós podemos apresentar provas. E sobre as fofocas da direita, tem algum dado provado?

[UPDATE] - Essa postagem rendeu uma matéria mais aprofundada e cheia de fontes no nosso blog. Ajuda a gente, entra lá e confira!
http://iconoclastia.org/.../chega-de-fake-news-descubra.../

Meritocracia ou mesquinharia?

Escrevi esse texto em 2017
Gosto muito dele:
As vezes eu me indigno!!
Meritocracia – palavra tão mesquinha quanto seus adeptos!
Saiu uma pesquisa onde mostra que a média salarial do setor público é 63% maior que o setor privado, olhando o salário dos Professores e pensando no salário de prefeituras do interior (apesar dos ‘’deuses’’ do judiciário e dos parlamentos), eu até chego a duvidar dessa pesquisa, mas tudo bem. São dados, finjamos que acreditamos!
Bem, mesmo bem antes dessa pesquisa questiono por que uns ganham tanto e outros tão pouco (estou falando do setor privado), o cara estudou, o cara se esforçou, o cara isso, o cara aquilo... Uma ova, em minha opinião.
À luz dessa bendita pesquisa, fiz o contraponto, por que não se faz uma pra saber onde estão as maiores discrepâncias salariais, bem, aí setor privado ganha de lavada. Mas me dizem o seguinte: É baseado em resultados que um executivo ou outro profissional ganha mais (muito mais, diria eu). Como assim? Que resultado? Alguém já parou pra pensar quão insano soa essa afirmação?
Um executivo de RH atinge seu resultado quando aumenta produtividade como menor massa salarial, sem necessariamente ter melhorado as condições do trabalhador, muito antes pelo contrário!
Um executivo de banco ligado ao crédito atinge seu objetivo quando a crise afeta o trabalhador que busca grana onde for sem se importar com o juro que vai pagar em contra partida, contraditoriamente, O CARA da recuperação de crédito atinge seu intento quando a economia melhora (e inclusive o governo paga em dia seus funcionários) e o cidadão honra seus compromissos. A contradição da contradição, o setor privado é um nada sem o setor publico, mesmo que o contrário também seja verdadeiro.
Um grande executivo ligado ao comercio vai bem quando o povo tem dinheiro e seus vendedores conseguem vender o que o cliente não precisa, de novo depende muito do Estado!
Se for do ramo imobiliário, se tem dinheiro na praça, pode aumentar sua margem de lucro e vira o bam bam bam!
Um apresentador de TV (já me disseram que ele faz por merecer!) ganhando pra mais de um milhão por mês só por que faz merchandising? Um jogador nesse patamar de salário, sério que ele merece? Mas o cara aumenta as vendas. Sim, aumenta as vendas (do que tu não precisas) e aumenta os preços em 1000%.
Um executivo do ramo de investimentos ganha quanto mais dinheiro ele conseguir tirar do setor produtivo, e pasmem, depende de quanto o governo paga de juros (quase 50% do nosso PIB vão para pagar especuladores)!
Se considerarmos que os maiores salários estão em empresas que sonegam impostos (ex.: globo, clubes de futebol, Gerdau e outras muitas) temos então uma falácia ainda maior, os altos salários só são pagos por que a grande massa ganha pouco e gasta tudo e ainda recebe serviços de péssima qualidade dos governos, e é enganado quando dizem pra ele fazer uma previdência privada para garantir seu futuro.
Os meritocratas, os esforçados na verdade só tiveram a sorte de nascerem herdeiros e não terem desperdiçados seu esforço fazendo 50 km pra estudar ou fazendo 4 km a pé num sol de 35º pra levar marmita pro seu pai comer lá pelas 14 horas. Ou ainda, andando em dois numa bicicleta e chegando do trabalho a meia noite e 5 horas da manhã partindo pra labuta, plantando e as vezes não colhendo.
Os meritocratas, com salários bem pomposos muitas vezes usufruem do serviço público que deveria ser destinado para o pobre coitado que ganha R$1000,00 por mês e não tem escolinha pra pôr seu filho, ou pagar um plano de saúde.
O meritocrata metido a esforçado nada mais é do que um desumano que entra na justiça para obter seu direito de pagador(?) de impostos mesmo tendo condições de pagar pelos serviços.
O meritocrata, muitas vezes diz: ‘’se não sonegar não sobrevive’’, na verdade ele está sonegando, não imposto, mas dignidade ao mais humilde.
O meritocrata olha para o lado e diz: ‘’quem mandou ter um monte de filho!’’
O meritocrata, na verdade, só se dá bem por que ganha muito e paga pouco pra que alguém faça o trabalho que ele não faz por dinheiro nenhum.
O meiritocrata metido a esforçado chegou aqui e demarcou sua terra e hoje se opõe ao imigrante (negro). E também quer botar pra correr os poucos nativos que deixaram sobreviver, por que no fundo acha que eles não se esforçam.
O meiritocrata já se beneficiou indireta ou diretamente de algum programa de transferência de renda (que o diga o dono da empreiteira que vendeu pro MCMV, ou o dono da vendinha, com o BF). Ou mesmo o esforçadão que estudou em escola/universidade pública mesmo tendo condições de pagar.
Quem acredita no meiritocrata é um inocente útil usado por esse: Ele diz ser incompetente o concursado, pois se fosse bom estaria no setor privado ao passo que justifica sua entrada na universidade pública por que foi bem no Enem e merece!
O cara que acredita em meritocracia e está no chão de fábrica deve obrigatoriamente se sentir um fracassado, mas lembre-se, o esforçado que ganha R$1.000.000,00 (ou muito mais) pra encher teu saco com merchandising depende de você e desse seu pensamento, pois assim ao tentar ficar rico você o deixa mais!!!




Sob a ótica brasileira, a terra é plana e a Europa é Comunista!

Gabriela Lorenzon, da Alemanha:
"Tenho sido questionada pelo fato de morar na Alemanha e querer 'comunistas' governando o Brasil. Porque é óbvio, eu deveria estar em Cuba ou na Venezuela, não aqui.
Amores, vcs não entenderam. Segundo o novo glossário de política brazuca, eu moro num país comunista.
Não só a Alemanha, mas toda a Europa.
A Europa é um epicentro de comunistas petistas esquerdopatas a serviço do cramunhão. Para os vários bolsonaristas que chegam nos grupos de brasileiros na Europa pedindo dicas de como conseguir de ajuda do governo alemão (porque teta do governo alheio pode), deixo um aviso: fiquem no Brasil. Caso contrário, prepare-se para a seguinte realidade:
- Aborto legalizado nos primeiros meses de gestação e licença maternidade que pode chegar até, pasmem, 3 anos recebendo salário integral e sem correr o risco de perder o emprego nesse meio período,
- Homossexuais podem se casar e adotar crianças;
- Ensino público gratuito para todas crianças dentro do território alemão a partir dos 6 anos. Vocês aí querendo reduzir as disciplinas ao máximo, aqui crianças de 10 anos estão tendo aula de ética;
- Professores desde o jardim de infância treinados para trabalhar diversidade de gênero, sexual, étnica, religiosa e cultural. Seu filho certamente será doutrinado aqui (rs);
- Bolsa Família? Amado, aqui tem bolsa pra qualquer coisa. Tem criança? Recebe ajuda do Estado. Perdeu o emprego? O Estado paga seu aluguel e garante suas necessidades básicas até vc achar outro trabalho. Precisa de ajuda para mobiliar a casa e tá quebrado? O estado tb dá uma forcinha...
E apesar de tanta teta, a Alemanha é um dos países mais produtivos da Europa;
- A polícia é desmilitarizada e não pode sair sentando a mão em marginal, independente do crime cometido. Os presídios seguem a cartilha dos direitos humanos. Existem diversas penas para crimes leves que não envolvem encarceramento... e, em algumas cidades, os presídios chegam a fechar;
- As pessoas se preocupam com o meio ambiente e reciclam lixo. Ciclovias são realidade na maioria das cidades,
- Aqui nem família de classe média alta tem empregada doméstica. No máximo alguém que ajuda com algumas tarefas uma vez por semana. Quer alguém todos os dias? Sem problema, mas vai pagar todos direitos trabalhistas. Alguém limpando a tua sujeira é luxo, e luxo custa caro;
- Ricos pagam muito mais impostos que pobres. Ainda assim eles continuam ricos, não se preocupem;
- Homenagear ditador aqui pode te causar problemas;
- Não importa o posicionamento político da pessoa, aqui a ideia de garantir segurança pública armando civis é patética;
- Aqui nazismo é de extrema direita e isso não está aberto para discussão ou revisionismo histórico mal intencionado.
Acho intrigante essa gente que acha linda a social democracia na Europa, mas no Brasil vota pelo atraso, militarismo e conservadorismo. Se isso funcionasse, tínhamos saído da ditadura militar com índices de primeiro mundo. Sabemos que isso está longe da realidade.
Então não adianta vir pra Europa elogiar a limpeza e a segurança das cidades, mas no Brasil querer gente armada, encarceramento em massa e ciclovias fechadas. Não adianta achar os europeus mais inteligentes e bem educados que os brasileiros, mas aí votam num cara que sugere ensino a distância e o fim do financiamento estudantil como solução para o nosso sistema educacional falido. Não adiada achar a população daqui ordeira e civilizada, mas no Brasil dar carteirada em porteiro e garçom. Não adianta gostar da ausência de pobreza nas ruas, mas aí reclamar que empregada doméstica quer direitos enquanto deveria agradecer pela merreca que ganha.
Conduzir uma sociedade é complexo e exige visão.
Isso aqui funciona não por acaso, mas porque é um projeto.
População instruída, distribuição de riqueza e inclusão.
Custa caro, é verdade. Também não é perfeito, mas nada vai ser. Paga-se imposto pra tudo, há um certo controle e você tem que respeitar algumas regras. Mas depois de dois anos aqui, concluo que vale a pena. Nunca me senti mais a vontade pra fazer o que eu bem entender da minha vida. E liberdade é se sentir livre para escolher. Enquanto tivermos uma população oprimida, ignorante e desmoralizada, nós sempre seremos controlados.
Não vou aqui defender que o PT é a salvação do Brasil. Pra ser sincera, meu candidato de preferência rodou no primeiro turno e tenho duras críticas ao governo petista. Mas se ele não salva a nação, pelo menos nos garantem a democracia. E pra mim, democracia é inegociável."
Gabriela Lorenzon

Coitadismo?

Sobre coitadismo dos negros observe a história.
"
1837 - Primeira lei de educação: negros não podem ir à escola
1850 - Lei das terras: negros não podem ser proprietários
1871 - Lei do Ventre Livre - quem nascia livre?
1885 - Lei do Sexagenário - quem sobrevivia para ficar livre?
1888 - Abolição (atentem, foram 388 anos de escravidão)
1890 - Lei dos vadios e capoeiras - os que perambulavam pelas ruas, sem trabalho ou residência comprovada, iriam pra cadeia. Eram mesmo "livres"? Dá para imaginar qual era a cor da população carcerária daquela época? Vc sabe a cor predominante nos presídios hoje?
1968 - Lei do Boi: 1a lei de cotas! Não, não foi pra negros, foi para filhos de donos de terras, que conseguiram vaga nas escolas técnicas e nas universidades (volte e releia sobre a lei de 1850!!!)
1988 - Nasce nossa ATUAL CONSTITUIÇÃO. Foram necessários 488 anos para ter uma constituição que dissesse que racismo é crime! Na maioria das ocorrências se minimiza o racismo enquanto injúria racial e nada acontece.
2001 - Conferência de Durban, o Estado reconhece que terá que fazer políticas de reparação e ações afirmativas. Mas, não foi porque acordaram bonzinhos! Não foi sem luta. Foram décadas de lutas para que houvesse esse reconhecimento! E olha que até hoje tem gente que ignora, hein!
2003 - Lei 10639 - estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Que convenhamos não é cumprida, né?
2009 - A Política de Saúde da População Negra. Que prossegue sendo negligenciada e violentada (quem são as maiores vítimas da violência obstétrica?) no sistema de saúde.
2010 - Lei 12288 - Estatuto da Igualdade Racial. Em um país que se nega a reconhecer a existência do racismo.
2012 - Lei 12711 - Cotas nas universidades. A revolta da casa grande sob um falso pretexto meritocrata.
...
Nossa sociedade é racista e ainda escravocrata e essa linha do tempo tá aí pra evidenciar.
Fonte: Dri Santos‎, no grupo Afros!

A mentira do déficit

Uma pena que as pessoas tem preguiça de ler textos longos e depois saem compartilhando informações mentirosas e jogando ao vento, só pela chamada da matéria, sem nem ao menos ler.
A quem mais interessa que a população acredite que a Previdência é deficitária?
Leiam e entendam...
QUAL É A PROPOSTA DA ESQUERDA PARA O SUPOSTO PROBLEMA PREVIDENCIÁRIO? UMA CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
Hoje à tarde, estava discutindo com um colega que me questionou sobre quais seriam as propostas da esquerda para o suposto déficit na previdência. Vou sintetizar aqui o bate-papo.
A primeira coisa que fiz foi limpar o terreno do debate. O debate do déficit, antes de tudo, é um falso debate, é ideologia pura, como muito bem demonstram as dezenas de trabalhos da Professora Denise Gentill.
Se o economista se propor a advogar a favor da reforma da previdência, ele é capaz de encontrar o déficit que bem entender. Por exemplo: se o "advogado" da reforma da previdência (no caso, advogado dos bancos) calcular o déficit considerando apenas as contribuições dos trabalhadores para a previdência - ou seja, subtraindo tudo que o estado gastou com previdência de tudo que arrecadou dos trabalhadores para a previdência (como se o nosso sistema fosse uma mera capitalização, como acontece no Chile, onde a população idosa está passando pela mais séria crise da história do país, chegando ao ponto de 90% dos aposentados receberem algo em torno da metade do salário mínimo) - encontraria um déficit monstruoso. Se for menos desonesto e calcular as contribuições do patrão e dos trabalhadores, irá achar um déficit um pouco menor. Já se for fiel à Constituição Cidadã de 1988 - percebam que aqui a carreira de advogado da previdência já foi por água abaixo – irá, obviamente, levar em consideração não só as contribuições patronais e de trabalhadores, mas, também, todas as outras formas de arrecadação constitucionalmente estabelecidas pelo nosso REGIME SOLIDÁRIO materializado pela Constituição de 1988. Percebam o quanto de ideologia tem nesse debate.
Indo mais longe, em um regime solidário, como é o nosso, não faz o mínimo sentido se falar em déficit. É esquizofrenia pura. Como o Professor Oreiro (UNB) comentou recentemente, se esse debate fizesse sentido, a Nova Zelândia seria o caso mais assustador de déficit previdenciário do mundo, já que por lá não há contribuições específicas para esse tipo de gasto. No nosso caso, aqui no Brasil, podemos, por exemplo, chamar o tal déficit de contribuição do Estado (conjunto da sociedade) para a previdência. Simples assim: a diferença entre os gastos com previdência e a arrecadação dada pela tributação sobre patrão e trabalhadores seria "a contribuição do Estado".
Falar em déficit na previdência é tão esquizofrênico quanto falar em déficit na Educação ou na Saúde. Se bem que é melhor eu não dar essas ideias por aqui, vai que algum economista tem a brilhante ideia de calcular o "déficit" na educação.
O verdadeiro debate, esse sim deve ser feito, é sobre o quanto da riqueza produzida pelo conjunto da sociedade desejamos destinar para os idosos e para aqueles que não podem mais vender a sua força de trabalho para sobreviver. É um debate ideológico, envolve, antes de tudo, luta de classes. Não é mero debate técnico! Será que destinar 8% do PIB – como fazemos hoje - para sustentar os nossos idosos através do Regime Geral da Previdência é muito?
Só a título de comparação, destinamos, em 2015, 8,46% do PIB ao pagamento de juros. Este pagamento é decorrente do maior programa assistencialista do Governo Brasileiro: o bolsa rentista, que em 2015 foi quase 1700% maior que o total gasto com o bolsa família que atende a 45 milhões de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social.
Colocado o debate no seu verdadeiro lugar, ou seja, no quanto da carga tributária queremos destinar aos idosos que construíram toda a riqueza desse país, os economistas mais sérios alegam que a manutenção da previdência – tudo o mais constante – acabará por elevar significativamente a nossa carga tributária. Este argumento tem grande apelo popular. Não é raro em conversas com gente interessada em economia ouvirmos que a carga tributária do Brasil é a maior ou uma das maiores do mundo. Não é.
Temos que desmontar mais uma premissa, essa ainda mais complexa que o mito do déficit, já que tem aderência à realidade concreta do povão: a de que o problema da carga tributária no Brasil é o seu tamanho – “a maior do mundo”.
Não, a carga tributária brasileira está muito longe de estar entre as maiores do mundo. No Brasil, a carga tributária está em 32,42% do PIB. Só dos países da OCDE (países desenvolvidos), há mais de duas dezenas com carga tributária superior a do Brasil. Fora isso, também estamos abaixo da média da OCDE, que chegou a 35,3% em 2014. Indo além, apesar da argumentação recorrente dos milionários brasileiros, o Brasil, dentre todos os países da OCDE, é o que menos tributa renda, lucro e ganho do capital! Enquanto na Dinamarca a tributação sobre rendas do capital chega a 33,2% do PIB, no Brasil é de apenas 5,85% do PIB. Isso significa que se tem tanta gente pagando pouco imposto, alguém tá pagando muito imposto. Então, meus caros, adivinhem quem está pagando essa conta. É, isso mesmo que você pensou: o povão. Ao passo que o Brasil é o que menos tributa a renda dos milionários, na lista de países em questão é um dos que mais tributa os pobres. Os nossos impostos, ao invés de recaírem sobre heranças, sobre os lucros e dividendos distribuídos aos acionistas e sobre as grandes fortunas, incide, principalmente, sobre o nosso arroz e feijão de cada dia. São impostos indiretos. Impostos pagos pelo trabalhador. O nosso maior problema não é o tamanho da carga, é quem paga a conta: o trabalhador, que sustenta uma das maiores cargas sobre consumo do mundo.
Só para ficar claro o quanto nossa carga tributária é uma grande aberração: vamos supor que Dona Maria receba R$181,98 do Bolsa Família. Ela vai pagar de impostos, ao comprar seu arroz, feijão, carne, e produtos de limpeza, uns 30% de seus escassos recursos. Já Joesley Batista, o bilionário e corrupto da JBS, recebeu mais de R$ 103 milhões em distribuição de lucros da sua empresa em um ano e pagou apenas 0,3% de imposto de renda em 2016. Isso mesmo 0,3%. Dona Maria paga 30%. Joesley, paga 100 vezes menos¹.
Uma reforma que tire o peso dos impostos da Dona Maria e coloque nas costas dos bilionários é urgente.
A argumentação acima desmonta os argumentos neoliberais sobre a carga tributária brasileira: a nossa tributação é demasiadamente alta para os mais pobres e extremamente branda para bilionários como Joesley Batista e seus amigos que, por sinal, defendem a reforma da previdência como a única saída para o Brasil.
Voltando ao tema previdência, mostramos que há sim espaço para uma elevação da carga tributária - se isso for necessário para a manutenção do regime previdenciário atual. Porém, antes de crescer, ela deve ser radicalmente redistribuída. Só que redistribuir radicalmente a carga tributária – essa sim a verdadeira jabuticaba tupiniquim – não é do interesse do Deus Mercado. Para o mercado é razoável que Joesley Batista continue pagando 100 vezes menos impostos em proporção à sua renda que um beneficiário do bolsa-família. Para o mercado, o que não é razoável é um pedreiro que, após trabalhar a vida sem carteira assinada levantando as casas que moramos e sedimentando as estradas desse país, se aposente aos 65 anos com um mísero salário mínimo. E olha que esse pedreiro, mesmo “sem contribuir para a previdência”, pagou é muito imposto em proporção ao pouco que ganhou na sua vida. Coisas do Deus Mercado.
Enfim, para o texto não ficar ainda mais longo, o crescimento da carga tributária – muito obviamente – pode ser amenizado, também, pelo crescimento do PIB. Acontece que o Brasil, que foi o país que mais cresceu no mundo entre as décadas de 1930 e 1970, desde que adotou o receituário neoliberal de austeridade fiscal, abertura comercial e financeira, desregulamentação do mercado de trabalho, privatizações e desnacionalização das nossas empresas, passou a ter crescimento pífio e desindustrialização por três décadas².
Após ler esse texto você continua achando que o problema do Brasil é a previdência do seu João que trabalha na construção civil ou o bolsa família da Dona Maria?
Observações:
¹(considerando que Joesley consome uma parte irrisória de sua renda, os impostos sobre consumo, pagos por ele, em termos de proporcionalidade à renda auferida em um ano, são pouco significantes)
² ainda deveríamos considerar o importante impacto dos benefícios previdenciários na demanda da economia, ou seja, o elevado efeito multiplicador. Os benefícios geram demanda que, por um lado, estimulam a produção e, de outro, aumentam a própria arrecadação tributária do governo.
David Deccache